Réu inocentado de homicídio é levado à delegacia após ser pego com cocaína em júri popular
10/09/2025
(Foto: Reprodução) No júri popular, os três réus foram absolvidos da acusação de homicídio. Um deles, no entanto, por estar com droga dentro do Tribunal do Júri, foi encaminhado à delegacia.
Marcelo Almeida/TJMG
Um dos réus absolvidos nesta terça-feira (9) pelo Tribunal do Júri de Belo Horizonte foi flagrado com um pino de cocaína durante o julgamento de um assassinato. O homem, que respondia em liberdade, foi considerado inocente pelo crime de homicídio, mas precisou ser conduzido à delegacia por estar portando a droga.
Ele e outros dois acusados estavam sendo julgados pela morte de Osmar Marques de Oliveira, de 63 anos. Em setembro de 2021, o idoso foi morto a pauladas e pedradas após ser vítima de uma falsa denúncia de pedofilia por uma moradora da Vila Andiroba, na Região Nordeste da capital (leia mais abaixo).
Segundo a Justiça, o pino de cocaína foi encontrado por policiais militares. A juíza que presidia o júri popular elogiou o trabalho dos PMs que identificaram a droga com o réu.
"É esse o trabalho, a perspicácia, o tirocínio de uma corporação, que tem esse empenho, que tem esse cuidado, essa expertise de lidar com situações do dia a dia", disse a magistrada Maria Beatriz Fonseca da Costa Biasutti Silva.
Apesar da absolvição de homicídio, o homem foi conduzido a uma delegacia da Polícia Civil para assinar um Termo Circunstanciado de Ocorrência (TCO) — documento jurídico que registra infrações de menor potencial ofensivo. Ele foi solto em seguida.
Linchado após falsa acusação
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Segundo a denúncia do Ministério Público, o homicídio de Osmar Marques de Oliveira ocorreu em 17 de setembro de 2021. No dia, o idoso ingeriu bebida alcoólica e decidiu fazer xixi na rua, o que levou à disseminação de boatos sobre ele estar exibindo as partes íntimas para crianças.
A falsa acusação partiu de uma mulher que tinha envolvimento com o tráfico na Vila Andiroba e terminou com a morte da vítima a pauladas e pedradas. O corpo de Osmar foi encontrado às margens do Anel Rodoviário, no Parque Guilherme Lage, em BH (relembre no vídeo acima).
"Ele estava simplesmente urinando na via pública e essa mulher passou com o filho dela e não gostou da situação. Como ela tem um poder e domínio, ela ligou [para os criminosos] e mentiu", afirmou a delegada Mônica Carlos, da Polícia Civil, em novembro de 2021.
Ao todo, sete pessoas foram acusadas de participar do crime, incluindo a mulher e os três homens julgados pelo Tribunal do Júri nesta semana. Alguns suspeitos tiveram o processo desmembrado e, por isso, foram a julgamento separadamente.
Absolvição
Na sessão desta terça-feira, o Conselho de Sentença votou pela absolvição do trio, seguindo pedido do próprio Ministério Público, que considerou não haver provas suficientes para autoria do crime e para a condenação. Outros envolvidos no linchamento já foram julgados em processos separados:
Em abril de 2024, um dos acusados foi condenado a 16 anos e sete meses de prisão por homicídio qualificado.
Em outubro do mesmo ano, outro réu recebeu pena de nove anos e seis meses por homicídio contra maior de 60 anos. Duas pessoas foram absolvidas na mesma data.
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