Tarifaço dos EUA pode gerar recuo bilionário do PIB de SC com queda nas exportações, aponta estudo
10/09/2025
(Foto: Reprodução) Porto de Itapoá, no Norte de Santa Catarina
Roberto Zacarias/Secom/Divulgação
📉Um estudo da Federação das Indústrias do Estado de Santa Catarina (Fiesc) mostrou que o tarifaço imposto pelos Estados Unidos pode impactar de forma bilionária o Produto Interno Bruto (PIB) do território catarinense.
Caso a medida se mantenha por um ou dois anos, Santa Catarina teria um recuo de R$ 1,2 bilhão no PIB, em um cenário de queda de 30% das exportações do estado para o país norte-americano.
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Nesse mesmo cenário, haveria a perda de cerca de 20 mil empregos e de R$ 171,9 milhões na arrecadação de Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS). Ainda segundo o estudo, a região serrana seria a que mais sofreria o impacto do tarifaço (leia mais abaixo).
🔍O PIB representa o valor total dos bens e serviços produzidos em um país, incluindo os setores da agropecuária, indústria e serviços.
Com o tarifaço dos Estados Unidos, os produtos catarinenses ficam mais caros para o comprador americano. Por exemplo, um item que antes custava US$ 100 pode passar a valer US$ 150. Essa alta reduz a competitividade, o que pode levar os importadores a deixarem de comprar, e as indústrias locais a perderem vendas para seu principal mercado.
Segundo a Fiesc, países concorrentes, especialmente da Ásia e América Latina, podem ocupar rapidamente o espaço deixado por Santa Catarina, agravando a perda de competitividade em setores onde já têm vantagem.
A busca por novos mercados, como América Latina, Oriente Médio, União Europeia e Ásia, enfrenta obstáculos tarifários, sanitários e logísticos. Isso dificulta uma realocação rápida e completa das exportações catarinenses.
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Quais produtos de SC são exportados aos EUA?
O estudo apresentou os principais produtos exportados aos Estados Unidos. O gráfico abaixo representa a porcentagem de cada mercadoria entre as exportações catarinenses ao país norte-americano em 2024:
Regiões de SC mais afetadas pelo tarifaço
De acordo com o estudo, as regiões catarinenses mais afetadas pelo tarifaço são:
Serra
Norte
Oeste
Vale do Itajaí
Sul
Grande Florianópolis
O economista-chefe da Fiesc, Pablo Bittencourt, explicou que a Serra Catarinense pode ser a região mais afetada pela queda nas exportações aos Estados Unidos. Segundo ele, mesmo no cenário mais otimista, a estimativa é de recuo de 0,53% no PIB local.
“Mesmo no cenário mais otimista com que trabalhamos, estimamos queda de 0,53% no PIB da região serrana, dada a menor diversificação industrial e a forte especialização na produção madeireira, majoritariamente destinada aos Estados Unidos”, explicou.
Diante do forte impacto, mesmo no curto prazo de um a dois anos, uma das consequências esperadas é a aceleração da estagnação econômica e a migração populacional, especialmente para o litoral, padrão já observado em décadas recentes.
A região Norte seria a segunda mais afetada, com redução de 0,30% do PIB no cenário mais provável, segundo o estudo. Bittencourt explicou que, embora abrigue municípios afetados por setores vulneráveis e com diversificação semelhante à Serrana, o Norte demonstra impactos ligeiramente menores.
“A presença de centros industriais mais diversificados, como Joinville e Jaraguá do Sul, devem amortecer o impacto à mesorregião como um todo”, destacou.
A terceira região mais impactada, com recuo de 0,25% do PIB, seria a Oeste, seguida pelo Vale do Itajaí (-0,22%) e do Sul, com queda de 0,17%.
A projeção do cenário apontou que, no período entre um e dois anos de redução das exportações para os Estados Unidos, a Grande Florianópolis não deve observar queda do PIB.
A situação da capital e arredores, no entanto, se agravaria no longo prazo, de dois a quatro anos, quando a região pode perder 0,99% do PIB por conta do efeito cascata em setores como comércio e serviços.
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